terça-feira, 17 de agosto de 2010

Bela troca


Tudo terminado. Tantos anos de convivência desgastaram a relação. Fisicamente já não era o mesmo, até o perfume natural que exalava dele já havia desaparecido. E olha que não foi difícil abandoná-lo. As tentativas de reparar os seus defeitos deixavam-me, a cada dia, mais irritada. Minha filha foi quem não gostou muito da ideia, pois se acostumara com todos os estragos que ele me trazia. Ela adorava ver-me reclamar e sair desesperada por não conseguir aturar a convivência.
Mas chegou o dia! Eu tinha me libertado de um peso enorme. O antigo ficou esperando por alguma alma sem rumo, disposta a aturá-lo até conseguir algo melhor. Já o atual, era grande como eu gostava e, certamente, me daria mais liberdade. O fato de ser mais novo também melhoraria meu estado de espírito.
Foi isso. Fiz uma bela troca. Posso agora desfrutar do meu amplo apartamento, com vista para uma avenida movimentada. Da minha janela, fico a imaginar o que se passa na vida de cada transeunte. E, às vezes, vejo-me a refletir sobre a quantidade de tempo que meu novo companheiro me fará feliz.

(Por Elis Angela*, em 2 de maio de 2009)

*Elis AngelaFranco é Licenciada em Letras Vernáculas e especializando-se em Estudos literários(UEFS) e autora do blog Algumas Palavras: http://elisfranco.blogspot.com/



sexta-feira, 13 de agosto de 2010

CRIME E CASTIGO EM O PRIMO BASÍLIO DE EÇA DE QUEIRÓS


INTRODUÇÃO

Esse texto se dispõe a fazer uma análise da personagem feminina Luísa no romance O primo Basílio (1878) de José Maria Eça de Queirós. Dentro das perspectivas que os estudos de gênero oferecem na atualidade junto a pesquisas de especialistas da literatura queirosiana.
Esse romance é considerado um sucesso de crítica quanto de público da produção do escritor realista. Nele temos um rico exemplar com vários personagens ficcionais que conseguem traduzir, de certa forma, uma sociedade com vícios patriarcalistas de um período. Percebemos nesses personagens femininos um leque que contempla representações de mulheres construídas no discurso literário, mas que não deixa de encontrar relação com a realidade do período e local citado no texto romanesco.