Quando pesquisamos sobre Bento Teixeira Pinto tanto nos manuais literários como nos sites destinados ao assunto encontramos quase que unanimemente a informação de que esse escritor Pernambucano do século XVI representa o marco do Barroco Brasileiro através da sua unitária obra Prosopopéia publicada em 1601, isso quando o nome do autor não é ignorado ou meramente citado sem muitas considerações acerca de sua produção literária. Essa obra Bento Teixeira constitui-se de um poemeto de 94 estrofes com 752 versos em oitava-rima de conteúdo encomiástico, ou seja, com a intenção de apresentar louvores a outrem. O objeto do gabo poético foi o então governador de Pernambuco Jorge Albuquerque Coelho. Objetivo esse demonstrado logo nos primeiros versos do poema e justificado pelo seu interesse de ser absolvido por práticas judias pela autoridade política da época, além da acusação de assassinato de sua esposa:
I
Cante poetas o pode r romano,
Submetendo nações ao jugo duro,
O Mantuano pinte o Rei Troiano,
Descendo a confusão do Reino escuro;
Que eu canto um Albuquerque soberano,
Da fé, da carta Pátria firme muro,
Cujo valor, e ser, que o Céu lhe inspira,
Pode estacar a lácia e grega lira.
No entanto, mesmo sendo sua obra considerada percussora do Barroco brasileiro, ela destoa das características dessa literatura que foi produzida pelos escritores barrocos largamente conhecidos: Gregório de Matos e padre Antônio Vieira. Bento Teixeira na verdade se aproximando muito mais dos traços quinhentista do que o barroco, pois em sua construção poética utiliza como inspiração de forma e temática os Lusíadas de Camões. Na obra Camoniana o conteúdo é direcionado
Dessa forma, ele compõe uma produção muito mais voltada ao humanismo quinhentista do que o conflito entre o antropocêntrico e teocêntrico do seiscentismo. Essa categorização acontece por conta das divisões temporais que são estabelecidas por estudiosos com fins didáticos para uma sistematização de obras e autores numa tentativa de melhor análise, porém os acontecimentos históricos e os estilos de época, nem sempre correspondem de forma tão categórica e linear como é apresentada pelos manuais, sendo complexo, por muitas vezes, delimitar linhas temporais de transição de um estilo literário para o outro. Com isso temos uma obra como de Bento Teixeira que foi publicada do século XVI (período demarcado como seiscentista), mas que possui no seu bojo os pilares de influência do século XV (quinhentismo).
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