Kátia Borges nasceu em 1968, em Salvador, Bahia, Jornalista(graduada pela UFBA) mestre em Teoria e Crítica da Literatura e da Cultura pela Universidade Federal da Bahia, atua no jornal A tarde, no qual é editora da revista dominical "Muito" que aborda arte e cultura; já publicou Além de " De volta Á caixa de abelhas", em 2002, Ticket Zen, o qual foi vencedor do edital 2008 de literatura da Secretária de Cultura da Bahia e Fundação Pedo Calmon e "Uma Balada para Janis" (2009).
Em " De volta à caixa de abelhas" temos um livro de poemas que contempla muito lirismo, intertextualidade, metalinguagem combinados com experiências de quem faz da literatura uma caixa de encanto e magia com as palavras.
Quanto a seu lirismo percebemos a tendência utilizada pelos modernista que se apoiam numa composição lírica nada comedida:
Quanto a seu lirismo percebemos a tendência utilizada pelos modernista que se apoiam numa composição lírica nada comedida:
Um bom poema
Nada parnasiano, por certo
do meu próprio lirismo
Em uma poesia suja, de pirraça com academicismo.
Versos desmedidos, espelhos de Narciso.
Um escafandro de escapismo,
que me permita respirar
ou me esconder.
Dessa forma Kátia traz em sua poesia a expressão de vivências e saberes que representam o seu entendimento de mundo e literatura: "Tudo que sei vem do que provei". No entanto, esse caráter não limita a sua poesia a um tomo confessional, mas de uma representação que transfiguram ou reinventa sua matéria-prima (experiência) dentro da sua criatividade artística como fica metaforizado nessse poema:
Outro aspecto da literatura de Kátia, nesse livro, é o diálogo intertextual dos poemas que aponta para as excelentes influências da escritora. Neles encontramos referências diretas ou indiretas de vários clássicos do cenário literário e musical brasileiro como: por exemplo, Gonçalves Dias, Alphonsus de Guimarães, Olavo Bilac, Manuel Bandeira, Drummond, Caio Fernando Abreu, Renato Russo, Cazuza. Estes escritores/compositores indicam os caminhos de leituras trilhadas por Kátia. Através dos diálogos que ela estabelece com outros textos e autores, ela converge, diverge, parafraseia, ressignifica ou reinventa concepções ou formas de seus mentores.
Caixinha de música
Vem, de reprente,
um desejo imenso
de mostrar a todos essa asas
ocultas sob roupas.
Subo no mais alto.
Lua no céu.
Lua no Mar.
Ismália enlouquecida.
Pesarão que quero
me esconder nas nuvens.
Mas é só esse medo
da atrofia dos órgãos em desuso.
É só esse medo
da poesia apodrecer
por dentro do corpo.
Vem, de reprente,
um desejo imenso
de mostrar a todos essa asas
ocultas sob roupas.
Subo no mais alto.
Lua no céu.
Lua no Mar.
Ismália enlouquecida.
Pesarão que quero
me esconder nas nuvens.
Mas é só esse medo
da atrofia dos órgãos em desuso.
É só esse medo
da poesia apodrecer
por dentro do corpo.
Parece-me de grande sensibilidade poética esta "caixa de abelha" de Kátia Borges
ResponderExcluirRealmente Elis,
ResponderExcluirEla constrói imagens muito belas.
Vale a pena a leitura!