A
Ordem do discurso de Michel Foucault, apresenta de forma
sistemática os sentidos e desdobramentos dos discursos produzidos na sociedade,
bem como os seus procedimentos de manutenção, seleção, controle e organização. O
filósofo francês constrói em seu texto um quadro de procedimentos que funcionam
como instrumento de poder a partir da repressão e, dessa forma, a garantia de
um determinado discurso.
Foucault amplia a discussão apresentando
os diversos procedimentos de repressão do discurso. No primeiro momento, o
autor apresenta o princípio de exclusão e interdição, pois em nossa sociedade é
sabido por todos que “não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode falar
tudo em qualquer circunstância, que qualquer um, enfim não pode falar qualquer
coisa” (FOUCAULT, p.09), tais questões são sintetizadas pelo autor como: “tabu
do objeto” “ritual de circunstância” e “direito privilegiado ou exclusivo”. De
acordo com o autor, a política e sexualidade consistem em dois exemplos
pertinentes de tabus (ou interdições) que apontam para o estreitamento entre o
discurso, o desejo e o poder, ou seja, os discursos são pautados numa busca por
esses dois últimos elementos.
Outro procedimento de exclusão
apresentado pelo autor é a separação e a rejeição. A segregação funciona,
assim, como um elemento de seletivo. O exemplo utilizado por Foucault para essa
questão estar na oposição razão e loucura, na qual o discurso do louco deve ser
rejeitado por não apresentar um alinhamento com os outros discursos validados
na sociedade. Dessa forma, segrega-se o louco por falta de possibilidade de
“autenticação” do seu discurso.
Foucault, ainda, acrescenta nesse
procedimento de exclusão a oposição do verdadeiro e do falso, a partir desse
princípio o autor apresenta como a busca da nossa sociedade por verdade, bem
como os outros sistemas de exclusão; sustentam-se nas instituições legitimadas
como detentoras do poder, que por sua vez, reforçam e garantem a permanecia de
determinados discursos; ilustrados no texto como “o sistema dos livros, da
edição, das bibliotecas, como as sociedades de sábios outrora, os laboratórios
hoje” (FOUCAULT, p.17).
Além desses procedimentos de controle e
delimitação do discurso, o autor continua sua abordagem afirmando que existem
vários outros que funcionam internamente; dentre eles estão, o que ele nomeia
de comentário (narrativas maiores que se contam se repetem e se fazem variar),
a função autor e a organização das disciplinas. Em síntese, podemos dizer que
tais procedimentos funcionam como mecanismos de classificação, de ordenação de
distribuição, mas, sobretudo de controle da produção de discurso numa constante
retomada das regras.
Para a produção de discursos de valia na
sociedade, Foucault, destaca que são necessárias condições para que os
indivíduos os formulem. Trata-se, portanto, de determinar pressupostos de seu
funcionamento, que impõe aos sujeitos regras e, consequentemente, uma seleção
dos mesmos, isto é, nas palavras do autor: “ninguém entrará na ordem do
discurso se não satisfazer a certas exigências ou se não for, de início,
qualificado para fazê-lo” (FOUCAULT, p.37).
REFERÊNCIA
FOUCAULT, M. A ordem do Discurso.
São Paulo: Edições Loyola, 2011
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